Segundo o jornal, o “avanço da desocupação por este segmento, geralmente mais protegido do desemprego que os menos escolarizados, contrasta com a queda de 1,8% no contingente total de desempregados no período”. “O tipo de emprego que vem sendo gerado, responsável pelo alguma melhoria no índice geral, em sua maioria não requer tanta qualificação”, avalia Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria iDados. O engenheiro eletricista Filipe Carneiro, de trinta e oito anos, trabalhou por 10 anos como superintendente numa companhia de navegação do setor de petróleo no Rio.

Com a marcha lenta da economia, a corporação começou a diminuir cargos de chefia em janeiro. Carneiro foi um dos dispensados. Ele e a mulher, a advogada Gisele Brandão, nesta ocasião só contam com o salário dela pra pagar as contas. Com uma filha de 2 anos e a segunda prestes a nascer, fizeram um corte profundo nas despesas. A situação do engenheiro, cuja profissão era das mais demandadas antes da instabilidade, reflete a realidade de 1,quatro milhão de brasileiros com ensino superior completo sem trabalho contabilizados no primeiro trimestre deste ano pela pesquisa Pnad Contínua, do IBGE.

Isso representa alta de 13% em só um ano. Nos 3 primeiros meses de 2018, o número foi de 1,23 milhão. O avanço da desocupação desse segmento, geralmente mais protegido do desemprego que os menos escolarizados, contrasta com a queda de 1,8% no contingente total de desempregados no tempo. — O tipo de emprego que tem sido gerado, responsável por alguma melhoria no índice geral, em sua maioria não requer tanta qualificação — avalia Bruno Ottoni, pesquisador da consultoria iDados.

— Nossa renda caiu na metade. Já tínhamos quitado o apartamento, o que ajudou, entretanto reduzimos muito o emprego do cartão de crédito, cortamos viagens de férias e, como minha mulher está grávida, saímos muito menos — conta Carneiro, que tem pós-graduação em Ecossistema. Após se formar, em 2008, ele não teve complexidade para descobrir serviço e subir na corporação.

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Agora, há seis meses procurando uma vaga, está disposto a aceitar cargo e salário inferiores aos que tinha. Mas não vem sendo fácil. — Existe um mês, uma corporação me ligou. Perguntaram-me último salário. Falei, e não me retornaram mais. Formado em Letras, com duas pós-graduações e fluente em 4 idiomas, o professor Ben Feitosa, de trinta e sete anos, está existe um ano sem emprego fixo.

O colégio de línguas em que trabalhava fechou, e ele passou a dar aulas particulares pra ter alguma renda. —Já mandei currículo pra imensas escolas, mas quando veem minha experiência, localizam que sou um profissional caro. Na realidade, já aceitei valores abaixo do mercado só para ter a segurança de um salário todo mês — conta o professor, que tem 16 anos de magistério.

Um dos fatores pro acréscimo do desemprego entre os graduados é o superior acesso dos brasileiros à faculdade, o que não tem sido acompanhado na geração de postos de trabalho. Em um ano, a força de trabalho com ensino superior aumentou 8%, chegando a 20,três milhares de pessoas em março. São por volta de 1,cinco milhão de novos profissionais. Não há vagas pra todos.